sábado, 19 de abril de 2014

O Jejum - Parte II

O jejum era uma prática muito comum entre os fariseus e religiosos da época de Jesus. Em documentos históricos como o Mishná e o Didaqué, que regulamentavam as festas e os costumes religiosos judaicos, encontramos várias instruções a cerca do jejum. Como prova, veja o trecho de um dos documentos: "os jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação."

Enquanto os fariseus colocavam acima da lei de Deus a tradição e o ritualismo, se prendendo a essas práticas, Jesus ensinava a liberdade espiritual. Em Mateus 9:13-15, os discípulos de João confrontaram Jesus perguntando "por que nós e os fariseus jejuamos muitas vezes e os teus discípulos não?". E Jesus respondeu com a seguinte pergunta: "Podem andar tristes os convidados do noivo (Jesus) enquanto este, ainda está com eles?." Jesus estava retomando a ideia do Antigo Testamento, que deveria existir um motivo ou um propósito para jejuar. O jejum não era para ser considerado como uma simples prática religiosa sem motivo e consequentemente isso não os faria mais santos ou poderosos. Não existem relatos bíblicos de que Jesus ordenou o jejum. Note que ao dizer: "E quando jejuardes, não vos mostreis contristados..." em Mateus 6:16-18, Jesus não utilizou o verbo no imperativo. Não estava ordenando, e sim, regulamentando o costume.

A bíblia cita dois tipos de alimentos: O físico e o espiritual. Enquanto o alimento físico fortalece o corpo, o espiritual fortalece o espírito. A ideia do jejum é deixar de lado o alimento físico e se alimentar apenas do espiritual. Se você deixa de lado o alimento físico e não alimenta o espiritual também, vira um simples jejum médico. É por essa razão que nunca entendi por que se faz jejum de tantas coisas como de Facebook, de chocolate, televisão etc, como uma forma de martírio.

O jejum nunca foi tratado na bíblia como um amuleto ou como um ato de sacrifício que devo fazer para mostrar a Deus o quanto estou disposto a abrir mão de alguma coisa por Ele. O sacrifício já foi feito por meio de Jesus. Mostre que você ama a Deus através de suas atitudes diante do que é pecado assim como fez Daniel quando decidiu não se CONTAMINAR com os manjares do rei - Daniel 1:8

Temos que tomar cuidado porque, assim como na época de Jesus, muitos costumes e rituais religiosos vazios e sem fundamento tem adentrado em nosso meio. As vezes até provenientes de outras religiões pagãs. O jejum bíblico nada tem a ver com a aquisição de poder e elevação espiritual como se prega hoje em dia e como é ensinado e praticado pelo islamismo, budismo, hinduísmo, dentre outros. É apenas um meio de se fortalecer espiritualmente (não é ganhar poder; e sim, se fortalecer) em determinada situação ou diante de algum propósito.

D. A.

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